sábado, 29 de dezembro de 2007

Momentos que ficam.

Depois daquele silêncio que me degradou o cérebro, que parou todos os movimentos do mundo e congelou qualquer sentimento , depois de ter lido na forma de como ele olhava tudo e todos , o quanto tinha magoado aquele coração, depois de dizer para mim infinitas frases que me tentassem desculpar, depois de ter tido a noção de que calar - me era mostrar - lhe o quanto ele tinha razão, nem os olhos nem parte nenhuma do corpo dele eu consegui enfrentar . Eu estava tão ciente de que qualquer palavra que saísse da minha boca seria injusta para com o dor que ele sentia naquele momento que preferi reduzir - me ao tão frustrante silêncio onde todos podiam dizer tudo mas nada significava. Passaram minutos , mas pareceram - me horas sentada ali ao lado dele, sentir a até raiva que fiz com que nascesse dentro da pessoa mais perfeita que alguma vez poda ter passado na minha vida. Acho que outras pessoas falaram para mim e eu ria - me. Sorria. Fazia - lo porque estava tão congelada , tão presa e tão vazia de tudo que um acto como sorrir era vácuo como qualquer caixa velha deixada por aí.
Eu queria tanto agarrar lhe na mão , dizer que não era aquilo que ele pensava e dizer o quanto o amo. Tentei muitas vezes, mas parecia que algo me parava a meio e não tive coragem. É , posso dizer, covardia . Depois de tantos e tão longos minutos, eu desesperava e com as pernas apoiadas nas mãos via imagens horríveis que quase me deixaram lágrimas a escorrer. " Eu não vou mostrar este lado fraco , eu aguento - me " - pensei.
Olhava para a parede, abanava os pés gritava em silêncio , queria sair dali , confundia - me com os gestos dos outros e as palavras e os rodopios, ele roía as unhas e pela maneira com que abanava os pés parecia estar capaz de destruir meio Mundo.
Passaram longos e longos e longos minutos, mais um. Segundos , segundos , segundos, mais um.
Ele pegou - me na mão e eu senti - me tão perdida e insegura que parecia que era a primeira vez que ele me tocava. Ainda sinto aquele toque suave e ao mesmo tempo incerto. Nem ele sabia o porquê de o fazer. Finalmente ganhei coragem e olhei - o nos olhos, ele sorriu para tentar enganar - se a si mesmo fazendo de conta que não tinha sido nada. Olhamos um bocado um para o outro , ainda com a mão dada ( acho que nunca dei tanto valor a esse gesto como naquele momento) e agora, com a protecção habitual dele , eu sabia que nada podia correr mal. Ele desviou a outra mão e pousou - a na minha cara, fechei os olhos e desejei que tivesse esquecido o que acontecera. Beijou - me da maneira mais bonita de que alguma vez me lembro, continuamos com as mãos juntas com uma força enorme. Passados minutos, olhou - me , e com aquela verdade toda que os seus olhos pequeninos e esverdeados transmitem disse : " Amo - te ".

domingo, 9 de dezembro de 2007

Medo do medo da tua breve ausência , talvez.

Tive medo de dar um passo, tive medo de falar, tive medo de respirar. Tive medo de não me conhecer, mais medo ainda que não me conhecessem. Tive medo da vida, do escuro, das vozes, dos gritos, das palavras ,do silêncio. Tive tanto medo de ter medo. Tive medo de me mover, tive medo que o relógio parasse. Tive medo que o mundo acabasse. Tive medo de deixar o quer que fosse por dizer. Tive medo da chuva, do céu, do mar , do tempo . Tive medo de me perder, e tive medo de me encontrar. Caíram umas lágrimas, tive medo delas.
Só porque te ausentaste durante minutos. Tive medo da tua ausência. Acalmei quando vi que estavas mais presente do que nunca. Mas tive medo .