domingo, 12 de outubro de 2008

algures em Setembro.

Cinco cores. Cinco vidas. Cinco histórias e nenhuma lógica. Nenhum sentido, nenhuma razão.
Dois dias, dois momentos. Duas horas. Duas lágrimas e nenhuma lógica. Nenhum sentido, nenhuma razão.
Uma pessoa, mais uma pessoa.
Um amor. Uma conveniência. Uma lágrima, uma indiferença e no entanto, nenhuma lógica. Nenhum sentido, nenhuma razão. Nenhuma justiça, nenhuma compensação, nenhum sorriso.
Nenhuma verdade, nenhuma transparência. Nenhuma justiça. Nenhuma justiça. Nenhuma justiça.
Nada, nada, nada. Amor cego, amor-ilusão, amor-mentira.
Amor aqui, falsidade lá.
Adeus hoje, olá amanhã.
Coragem, ou falta dela. Amor e falta de compreensão.
Tudo num lado, nada do outro. E nenhuma justiça, nenhuma lógica. Nenhum sentido, nenhuma razão.
Nada, nada e nada.
Nada, nada e nada. Nunca nada, nunca nada de nada.

2008.10.03 , 22h33

Queria ser uma memória, uma recordação. Qualquer coisa semelhante aos mais diversos objectos, papéis, fotografias ( entre outros ) que guardo no meio daquele caderno de criança. Que me olhassem com carinho e chorassem com saudades- era isso, o que eu queria. Que gostassem de mim com dedicação, que precisassem do meu amor como eu preciso do deles.
Queria ser personagem principal nos contos imaginários e viver feliz para sempre no coração de alguém; da mesma forma que vivem felizes para sempre no meu coração.
Mas há um livro , escrito ao calhas, sem aspectos gramaticais nem tão pouco filosóficos interessantes do qual eu queria mesmo fazer parte. Até sabendo que se trata de algo pouco correcto, pouco sábio, mas eu queria. Queria muito e aceitava um papel qualquer. Desde rainha a criada ou até figurante sem nome nem falas. Queria estar lá, apenas pelo simples e quase concreto facto de estar. Significaria uma presença , com o seu pouco relevo - é certo- mas estava.
O livro, o livro é a vida de quem me levou a vida. E chamo livro ás vidas, porque é assim mesmo: muitos capítulos, imensos pontos finais e uma quantidade insuportável de personagens.
E este livro - ou vida - pertence ao sonho, amor, ilusão, desilusão, carinho, tristeza da minha história, do meu livro.

2008.10.03 , 22h15

Fecho os olhos e tento criar uma linha imaginária em redor da minha vida, dos meus dias, dos meus sonhos, das minhas memórias, das minhas saudades; das minhas lágrimas. Então a linha forma-se curva com rotações imparáveis. O medo é constante, nesta montanha russa de sentimentos.
Vidro-me numa história, na única que sei de cor e reparo que ela significa algo para mim. Mais ninguém a vê, nem muito menos a sente como eu. Começo a pensar que se trata de uma história imaginada por mim em actos de desespero, mas não. Existe mesmo e pertence-me como se fosse um órgão vital: domina as minhas vontades e forças, destrói o que construí. Faz-me sorrir e chorar. Faz-me amar e odiar. Toma conta de mim com a injustiça habitual das histórias.
Não há príncipe nem princesa. Nem bruxa nem duendes, nem fadas. Há um lugar escuro que consiste em quatro paredes e pouco mais: um caderno e um marcador. Muitos riscos e palavras, muitas frases sem nexo e por trás de tudo, uma vida. Uma vida quase esquecida no meio do silêncio ruidoso, penoso, sofrido e pesado. Uma vida sem vida que deu a vida que tinha quando ainda era vida a um amor, que era a sua vida. Um amor enorme dum lado, um nada do outro. E no meio de tanta coisa vazia, há uma quantidade enorme de lágrimas que borratam o caderno e fazem dele uma tela de um pintor abstracto sem talento nem vontade.
Ao longe ouvem-se decerto suspiros tristes, mas é bom que ninguém os queira ouvir de perto - assustariam-se com a imensidão do escuro, do borratado das gotas salgadas, e assustariam-se ainda mais com aquele corpo já sem alma que só serve para desenhar palavras tortas que nunca ninguém vai entender. E digo que é só corpo porque já não restam vestígios da alma. O brilho do olhar já não é brilho, é apenas uma expressão triste; o sorriso é igualmente triste e cínico.
É um corpo que sobreviveu a uma luta - e que luta! - que lhe roubou a vida.
Ninguém entende a tal história porque ninguém sabe do tal corpo sem alma. Ninguém entende a tal história porque ninguém tem a plena noção de injustiça. Ninguém entende a tal história porque só se interessam com os contos de príncipes e princesas. Ninguém entende a minha história, porque ninguém sabe como ela é realmente. Mas é melhor não tentarem entender as quatro paredes escuras, porque nunca ninguém lá vai poder entrar.
É um mundo de alguém que não quer viver porque a sua história lhe roubou a vida, é um mundo que ninguém pode querer porque não o dou, nem empresto a ninguém.
Gostava de acrescentar o famoso " The end ", mas isso, não depende nem da história, nem do tal corpo.