quinta-feira, 17 de julho de 2008

Já não são apenas frases feitas, ditas , reeditas e ditas de novo. Cansei - me delas como quem se cansa daquilo que se repete exaustivamente.
São frases sem sentido nem nexo, viciadas no vício que lhes forneço e perdidas nas ruas que eu encontrei um dia. São minhas, como se tivessem sido feitas para mim e esperassem a minha útil (ou não!) utilização delas mesmas.
Encho-as de eufemismos quando me convém, e hiperbolizo-as quando preciso de o fazer. São minhas, faço delas o que pretender e na maioria das vezes, uso-as a meu favor.Tenho esse direito, como outra pessoa qualquer. Se não me conformo, sou irónica até me darem razão. Com comparações e metáforas faço uma luta que só vê fim quando eu a vencer.
São apenas palavras, mas grandes e fortes palavras que são e fazem aquilo que eu pretender, onde, quando e com quem eu pretender. Vejo-as tal escapatória ao vosso Mundo , livro - me de vocês com elas, e elas, que são mais ( muito mais. ) do que todos nós, existem não para se afirmarem, mas sim para servirem ( -nos). Ninguém vê , ninguém as vê e no entanto, se não fossem elas, nenhum de nós seria o que é.
Não são inúteis, podem é ser em vão. Mas são palavras e merecem no mínimo o reconhecimento por serem, (apenas) palavras.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Dias que morrem sem terem sentido a vida, luzes que se apagam sem nunca antes terem sido acesas. Caminhos que se perdem, sem nunca se terem encontrado, anos que passam, pessoas que mudam, ventos que se vão, ares que se renovam, gestos que não se repetem, canções que se tornam mudas, palavras que perdem o sentido, espelhos que já nada reflectem. E tudo, tudo isto deixa saudade.


sexta-feira, 4 de julho de 2008

Já tive medo do tempo. Medo que ele passasse mais depressa do que a sua pressa habitual e nos fizesse esquecer do que supostamente seria inesquecível.
Tive medo do vento. Medo que num vendaval ele levasse com ele tudo o que faz de mim alguém.
Até já tive medo do silêncio. Ele podia amordaçar - me e prender as palavras que eu tinha para te dizer. Tive medo de não as poder dizer.
Tive medo de falar. De dizer tudo de uma só vez, de dizer de mais ou de dizer muito pouco.
Tive até medo de chorar. Medo que as lágrimas lavassem os sorrisos e durassem a eternidade.
Por falar de eternidade, tive medo dela. É verdade, tive medo que as sensações durassem para sempre e daí se repetissem até se desgastarem.
Tive medo da solidão. Medo de estar sozinha , medo de me confrontar apenas comigo mesma e aí não haver uma fuga para todos os erros e defeitos.
Tive tantos medos que o medo me levou a perdê -los.
Eu hoje, tenho medo do medo. Muito medo do medo. Medo de repetir esta palavra até ela perder o significado. Medo, medo. Tenho medo de ti , medo. Tenho medo que me afastes da realidade, dos que me são a realidade. Tenho medo que acabes com o que me faz feliz, tenho medo de ti, mas tenho ainda mais medo de perder os medos.
Isso significaria que o vício da rotina me fez habituar a eles, e não, não me estaria a afastar deles mas sim a acumulá - los dentro de uma alma , que só por si já tem medo de não ter quem a conforte.

O teu perfume invade - me o olfacto, o teu toque arrepia - me mesmo quando estás longe. Tenho medo , tenho medo de ter saudades.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Chegaste a casa ás horas que bem te apeteceu. Já havia desistido dos cafés, dos chás, da música, dos livros. Experimentei de tudo, só queria ver - te chegar.
Esperei quase cinco eternidades e não vinhas. Não me cansei a imaginar o que farias há tantas horas, inocentemente criei desculpas que te desculpassem a ti. Só a ti , porque desde há imensas eternidades eras só tu que me interessavas.
Acordei com o barulho dos teus passos, as tuas sapatilhas estavam cansadas dos quilómetros, das ruas e do resto. Fechei os olhos, e fingi dormir. Deste - me o beijo terno de sempre, que me fez perdoar - te as horas de um quase-sono no sofá. O chão estava repleto de chávenas, bolachas, CD's e o livro espalhado. Não me questionaste, nem muito menos eu a ti. Pegaste - me no colo, como se fosse uma criança. Deitaste - me do teu lado, e pousei a minha cabeça no teu peito : - " Onde foste , amor ? "
- " Fui provar - me a mim mesmo que não sei viver sem ti. Fui ter saudades tuas, para poder jurar - te agora que te amo ". - " Mas já não tinhas essa certeza? " - " Sempre tive, mas agora tenho com ainda mais força , meu anjo. Obrigada por existires . " - " Não queiras sentir saudades de novo, pensei que não vinhas ".

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Surpreende - me a vossa capacidade de desvalorizar sentimentos ( que aos vossos olhos não passam de umas coisas típicas da adolescência ) . Fazem 'disso' algo tão pouco considerável que me leva a questionar - me a mim mesma se nunca o sentiram (?!) .
Nunca pedi para me levarem como ' grande ', à vossa imagem, mas não subestimem a força de um amor, e muito menos a minha tão por vós conhecida, austeridade de carácter.