quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

mil vezes mais

Sob mil sóis escaldantes, brisas suaves e ventanias irreversíveis, debaixo do preto da noite, da magia da lua e em frente ao mar sedutor.
Em mil ares diferentes, odores opostos e toques contrastantes, em mil sonhos calados, falados, cantados; em mil páginas escritas, rasgadas, queimadas, riscadas.
Em mil céus diferentes: nuvens em forma de coração, de monstro, de rio e flor. Por mil caminhos diferentes, estradas velhas, novas, paralelos e até areia e terra, mil destinos sonhados , mil horizontes programados, mil objectivos traçados, e mil sonhos por construir/destruir.
Sob mil chuvas torrenciais e flocos de neve, debaixo de mil estrelas diferentes e com mil cores marcantes faço o desenho de uma história, que não cabe em mil e uma telas.
Vivo, sob e sobre mil sensações diferentes e amo de mil maneiras minhas. E vivo. Em mil dias aprendo a viver, noutros a sobreviver. Mas vivo com mil vontades de ser mais.
E amo, amo muito mais do mil vezes.
Filipa Silva

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

2008. 2008 foi mais um ano, diferente e igual aos muitos outros. Com cores e sorrisos, a preto e branco e com lágrimas.
Fechei gavetas e abri baús, escondi gigantes e constantemente cruzei-me com minúsculos soldadinhos do coração.
Compliquei o mais simples e tentei simplificar as maiores complexidades da vida. Li, revi-me naquilo que li. Escrevi e tornei-me personagem da minha própria vida feita em papel. Acrescentei personagens,mas o mais importante foram as que já pertenciam à história:a umas, dei valor, a outras nem tanto. Umas com mais impacto,presença ,outras que apesar de uma significativa distância, permaneceram importantes e não menos especiais.
Sei que tive e terei sempre uma dificuldade estranha em permitir que outras bonecas de pano ou outros guerreiros de chumbo saltem para dentro do meu livro. Não, não é egoísmo, é protecção.
Sendo eu princesa e por vezes apenas figurante, aceitei os papeis e fui aquilo que tive que ser ,fui eu.
Muito mais do que uma personagem cheia de hipérboles ou até eufemismos, não quis metáforas nem muito menos comparações, fui eu, conforme pude, fui mais eu do que qualquer princesa de contos de fadas.
Contudo, o mais interessante neste livro de papel reaproveitado e escrito com marcadores de criança, é que não se trata de um conto de fadas de verdade, até porque não há princesas de verdade, nem fadas, muito menos anões - há a vontade de ser, a capacidade de sonhar e a força de assumir que somos capazes de tudo, basta um sorriso ou outro na plateia.
Não podia deixar esta última fase do meu conto pouco correcto, sem passar a negrito a presença de um príncipe, que foi príncipe sempre que o quis ser, mas acabou por abandonar esse papel mais vezes do que as que eu queria e sonhei. É, a verdade é que muitas das páginas deste ano foram escritas em torno dele , mas houve também muitos papéis borratados por gotinhas transparentes salgadas que saltaram dos meus olhos e fizeram o marcador azul desfazer as palavras. Mas foi ele, que esteve mais presente do que ninguém, embora esta presença seja relativa pois senti que estava sozinha mesmo com ele do meu lado. Amei - o com toda a força do Mundo, e disso , orgulho - me.
Foi assim um ano, mais um. Igual e diferente, original e por vezes vulgar. Amo muito as recordações que enchem o meu baú com a data de 2008, como com a de todos os anos anteriores. Quero,de forma simplista e minha, dizer um obrigada ás personagens que tornaram em arte o meu ano. Mais ainda, aos que tornam a minha vida num livro enorme cheio de cor e expressão.
E arte, arte não no sentido técnico, mas metaforizado - acho eu. Arte porque pessoas que me fazem sorrir, até chorar e me permitem ser eu mesma, são arte em mim, no meu corpo mas relevantemente, no meu coração. Aos gigantes que derrotei e aos minúsculos soldadinhos do coração, obrigada por existirem dentro de mim - obrigada por existirem só para mim.
Para 2009, espero do fundo do baú recuperar a capacidade de sonhar e de acreditar.
Filipa Silva - 30 de Dezembro de 2008