segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Mais um dia. Flutuo na estrada, abstraindo-me de todas as pessoas que entram, saem, falam, berram, sussurram, choram ou riem no autocarro; sinto-me a divagar num mundo miseravelmente feio e pobre de sentimentos e não quero lembrar-me de mais nada.
Foco o olhar no na janela, e a chuva bate sem qualquer tipo de agressividade contra o vidro. Lá vou eu, não sei bem de onde, muito menos para onde. Mas vou, de auscultadores nos ouvidos e a mochila cheia de sonhos ao colo.
Os carros lá fora são lentos, os condutores são todos monotonamente iguais: vultos pretos sem sorriso, sem sinal algum de brilho no olhar ou em parte alguma. Hoje nem o céu brilha, não há sol, e ninguém diria sequer que ainda há dias foi Natal – visto que esta é uma época cheia de luzinhas de diversas cores, de chocolate quente com a família, de gargalhadas das crianças e do habitual oh oh oh do Pai Natal.
E agora, a música que levo nos ouvidos não me deixa focar em nada mais. Está aos berros, é ensurdecedora e chega a ser sarcástica. A única vontade que me envolve é a de fechar os olhos e deixar-me apagar por breves momentos neste tsunami emocional.
Perco-me dentro de mim mesma, nesta profunda imensidão de confusões e incertezas repentinas e quando volto, não há nada de novo. Está tudo igual, um dia tristemente cinzento, a chuva pouco agressiva que se assemelha a um choro já gasto. E eu, continuo aqui, com a música sempre bonita a matar-me o riso.
Quero voltar atrás no tempo, ou avançar… Só não quero ficar aqui.