sábado, 19 de novembro de 2011


Está frio. O céu está escuro e as nuvens pesadas, carregadas, quase tanto como eu.
Não importa, sento-me na areia molhada e descalço os ténis, atiro as meias para longe e deixo o mar molhar-me os pés. Está fria, fria como nunca.
Não sinto nada já, apenas um aperto inexplicável tanto quanto inevitável no coração.
Ouvem-se os trovões e, de quando em vez, aparecem uns clarões no céu capazes de iluminar até os becos mais escuros da cidade.
Deixei-me ali. Continuo aqui a desenhar letras em forma de rabisco. As lágrimas acabarão por transformar toda esta tinta da esferográfica preta num enorme borrão negro, imperceptível, mas continuarei.
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Ás vezes perco-me e viajo, viajo para longe. Fico num mundo irreal como se nada mais houvesse à volta da terra.
Embarco nestas viagens alucinantes para ignorar, durante momentos, esta montanha russa de sentimentos que me invade como se já me pertencesse, irreversivelmente.
Trata-se de uma busca incessante de paz de espírito, uma procura interminável, um descontentamento constante que grita pelo silêncio como se se tratasse de algo inatingível.
Envolvo-me no percurso imaginário que me conduz a um lugar distante, tão distante como impossível pelo que desaparece segundos após surgir.
Perco-me por entre fragmentos do sonho, vivo-os como se fossem meus. Mas não são, nunca foram. Escapam-se-me pelos dedos como se fugissem aterrorizados.
Tal como tu, que tropeças em abraços recheados de açúcar. Um dia estás cá, no outro já foste para qualquer lugar distante, noutro planeta talvez.
Quando ficas cá, as tuas palavras surgem como que rebuçados embrulhados num papel colorido. Envolves-me num abraço apertado com sabor a morangos mergulhados em chocolate quente. Adoças-me a alma, que é para isso que ela existe, para ser estimada.
Não me pedes nada, eu não te peço nada. Ficamos ali, enrolados numa manta de mel a beber amor, numa chávena engraçada em formato de coração.
De repente lembrei-me de que já não estava a escrever sobre perder-me no meu pensamento mas sim sobre ti. Não apaguei, não editei. Fiquei simplesmente feliz por saber que, parecendo que não, és real.