domingo, 12 de agosto de 2012

nada e tudo

Ás vezes deixo de acreditar. Deixo de confiar, até de sonhar.
Deixo tudo, com medo que o tudo se antecipe e me deixe perdida, rendida, deitada num chão sujo cheio de nadas que outrora foram muito para alguém.
E de repente o amor não existe. Acaba-se tudo, até as cores findam. Perco o sentido e já não tenho um porto de abrigo, uma mão, quanto mais um abraço apertado e sentido. Não há nada, e o nada é vazio, escuro, escasso de luz, de pureza.
As pessoas mentem, não passam de clones mecanizados para magoar, destruir. Funcionam «roboticamente», e esquecem o que é sentir, o que é rir e o quão bom seria amar se houvesse verdade.
A felicidade mora longe, num mundo que agora me parece idílico, naquela utopia que nunca passará disso, por ter sido construída para não ser real.
O mundo está gasto, em ruinas, podre. O céu está repleto de nuvens avarentas, carregadas de uma dor insuportável. Somos todos nuvens. Irreversivelmente.
Amanhã talvez sejamos sol, talvez sejamos o tudo de alguém. Mas também podemos ser o nada, o nada cheio de muito que ninguém vê.