sábado, 31 de maio de 2008

Deixei o meu corpo escorregar dele mesmo e deparei - me imóvel no chão. Um cobertor enrolado em meu redor para me aquecer a alma. Uma música de fundo que não parou de se repetir, eu própria não parei de repetir os meus gestos obsessivos e loucos, pelo medo.
Nem palavras, nem cores. Nem vida nem nada. Estava tudo evacuado de tudo, e o nada estava ainda mais cheio de nada do que aquilo que era normal. O ar era sarcástico e irreversível. Sem soluções nem respostas em canto nenhum. As paredes pararam com o sussurro mesquinho e nada se importava com aquele relevo de quase ninguém , embrulhado num cobertor bonito, mas sem qualquer rumo, ou deriva.
Eu também não queria atenção, queria mesmo estar sozinha e parecer indiferente uma vez na vida. Estava só à espera da única alma que me poderia aquecer o corpo. E o coração.
Eu esperei. E a música já se mostrava cansada de tanta repetição. Pedi desculpas a mim mesma pelo meu tenebroso orgulho , pela minha insistida frieza. Implorei - me a mim e ao tempo . A mim para me perdoar , ao tempo para voltar atrás. De nada valeu. Nem uma nem outra, nem eu mesmo estava a meu favor, quanto mais o tempo.
Não me movia , mas movia - se o meu corpo. A música não se calava e o " true " da letra dava cabo de mim sempre que cantado. Acho que estava desesperada com tanta espera, mas esperei até à exaustão. ( Nem sequer pus a hipótese de noutro canto qualquer estarem à espera , da mesmo forma que eu. )
Fui egoísta , tal como sempre. Até comigo mesmo o fui, mas não me condeno.
Tentei abstrair - me das horas, do irritante e insuportável tic-tac do enorme relógio. Este tempo não tem tempo para ninguém. " cause my
heart keeps falling faster " , esta melodia extremamente bonita não se cansa de me fazer olhar para a realidade ( ainda bem ).
Acho que comecei a sentir - me fraca , sentir - me quase ninguém. Fui tão cobarde que tive medo de aceitar a verdade, de ir ao encontro dela. Mas continuo, continuo à espera. É muito mais forte do que eu, é , foi e sempre será.
Ninguém me trouxe respostas, ninguém me trouxe sorrisos, ninguém levou as minhas lágrimas.
Continuo a esperar, a problemática da questão é que o tempo não espera, e por mim não vai ser excepção, acerto com muita certeza.

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