sábado, 1 de dezembro de 2012

abraços e whisky

Traz mais um whisky, uma vodka, um martini. Traz tudo sem te esqueceres do sorriso, da alma, do brilho, desse ar que não sei descrever. Traz cigarros, e vontade de rir. Traz amor no coração, desejo nas veias e perdição no respirar.
Conversa comigo, fala-me disso e daquilo. Diz essas coisas que nunca fazem sentido mas que soam estupidamente bem. Ouve-me, foca-te nas minhas palavras e vê a minha alma a sair delas.
Põe música. Uma qualquer: das tuas ou das minhas, das nossas ou das que nunca serão nossas. Baixa o som, continua a ouvir-me dizer barbaridades, assim mesmo, com esse sorriso perdido e concentrado em todos os poros da minha face.
Acende esse cigarro e ri-te. Ri com verdade, diz que é por isto e por tudo que gostas de mim.
Despenteia-me, goza comigo, luta comigo.
Enche-me o copo, ou passa-me a garrafa.
À minha frente a lareira, que queima todas as partículas de madeira, que faz aquele som romântico, que não pára nem apaga. O mar lá ao fundo, vê-se da janela mas eu sinto-o cá dentro. O céu, escuro mas bonito, cheio de estrelas, iluminado por aquela lua enorme, perfeita, carregada de sonhos e açúcar. Olha: uma estrela cadente! Envio mais um desejo para o céu, mas desta vez peço só paz de espírito e conforto no coração.
Continuas aí, a devorar cigarros fervorosamente, com esse sorriso parvo que não finda. Não vais embora, nem eu quero. Expulso-te da minha vida todos os dias, mas todos os dias imploro aos céus para que fiques, para que rias, para que me faças rir assim, desta forma. Tens ficado, mas o mundo não pára.
O mundo passa, o relógio tem pressa e a vida gira, gira, gira.
Percebo, finalmente, que já não é relevante pensar no amanhã. Só hoje.
Deixo o copo cair... Abraços.
(...)
Gargalhadas. E é por isto que me perco no tempo, porque sabemos rir, porque aparentemente não existe mais nada lá fora.
Trazes todos os marshmallows do mundo guardados no olhar, e ou muito me engano ou o teu coração é feito de açúcar.
Peço que nunca prometas, porque eu sei que ninguém cumpre. Peço que não me digas que vais ficar cá, comigo e para sempre. Que não digas que sou tua e que tu és meu. Peço que entendas que nunca vais cumprir, ninguém cumpre, ninguém sabe como se cumpre. Olhas-me de forma de forma tão séria quanto estranha e dizes que não tens medo de prometer, porque não consegues não cumprir.
Abraços. (...)
Sabes como me levar, sabes o que dizer, sabes bem. Mas não sabes que eu ainda não sei, nem vou saber amar. Fica segredo.
Trazes a última garrafa, os últimos cigarros, as últimas palavras de hoje.
Delicadamente envolves-me nesse sorriso cheio de estrelas cadentes, nesse estranho brilho que transportas no olhar e nesses braços que parecem enormes, que aparentemente conseguem dar duas voltas ao meu corpo.
Rimos mais, rimos sem fim. E, subitamente, tenho o coração confortável, aconchegadinho, quentinho, abraçadinho.
Abraços.
(...) filipa silva.

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