sexta-feira, 4 de julho de 2008

Já tive medo do tempo. Medo que ele passasse mais depressa do que a sua pressa habitual e nos fizesse esquecer do que supostamente seria inesquecível.
Tive medo do vento. Medo que num vendaval ele levasse com ele tudo o que faz de mim alguém.
Até já tive medo do silêncio. Ele podia amordaçar - me e prender as palavras que eu tinha para te dizer. Tive medo de não as poder dizer.
Tive medo de falar. De dizer tudo de uma só vez, de dizer de mais ou de dizer muito pouco.
Tive até medo de chorar. Medo que as lágrimas lavassem os sorrisos e durassem a eternidade.
Por falar de eternidade, tive medo dela. É verdade, tive medo que as sensações durassem para sempre e daí se repetissem até se desgastarem.
Tive medo da solidão. Medo de estar sozinha , medo de me confrontar apenas comigo mesma e aí não haver uma fuga para todos os erros e defeitos.
Tive tantos medos que o medo me levou a perdê -los.
Eu hoje, tenho medo do medo. Muito medo do medo. Medo de repetir esta palavra até ela perder o significado. Medo, medo. Tenho medo de ti , medo. Tenho medo que me afastes da realidade, dos que me são a realidade. Tenho medo que acabes com o que me faz feliz, tenho medo de ti, mas tenho ainda mais medo de perder os medos.
Isso significaria que o vício da rotina me fez habituar a eles, e não, não me estaria a afastar deles mas sim a acumulá - los dentro de uma alma , que só por si já tem medo de não ter quem a conforte.

O teu perfume invade - me o olfacto, o teu toque arrepia - me mesmo quando estás longe. Tenho medo , tenho medo de ter saudades.

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