sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Coração de gente grande

Recordo - me do quanto me era especial ainda há pouco tempo,sonhar e idealizar-me como uma menina perfeita, uma filha querida, uma irmã de sonho. Uma mulher admirável e amada, uma mãe ideal. Sonhava tudo como se o destino dependesse disso mesmo, de sonhos.
Quem sabe, quem sabe... Mas nunca deixei de ter a noção, de que há um livro divino que é visto como o tesouro de todas as eternidades, um tesouro por certo bem escondido que requer chaves, palavras mágicas e varinhas de condão. É um livro enorme, o livro do destino.
Vi-o em noites de sono profundo, em truques de magia onde estava sempre o chapéu preto e o coelho. Em castelos de princesas com sapatos de diamantes e em brincadeiras de miúda nas quais ninguém crê. Procurei nas minhas estantes de livros, no meio das colecções de histórias. Desejei com muita força encontrar o livro do futuro, o vidente mais certo.
Com o passar do tempo, fui desistindo de o encontrar. Comecei a perceber a essência da descoberta, da surpresa, das alegrias e dos contratempos que estão de certeza escritos lá no livro dos meus sonhos ou ilusões de criança.
Fui caindo, tropeçando, caí muitas vezes na mesma poça de lama, doeu, sangrou. Mas com o orgulho de sempre, levantei-me sozinha, trinquei o lábio e disse para quem assistia : Não doeu nada! Chorei sozinha, como sempre faço. Odiei a história que aquele livro místico e misterioso contava sobre mim. Quis, tantas vezes, encontrá-lo e rasgar páginas dele.
Não o encontrei porque nessas alturas nem tive força para o procurar, aprendi a viver com a expectativa de quem não sabe o que vai acontecer a seguir. Habituei-me. A própria vida é uma questão de hábito, tem que ser.
Hoje,vivo sem pressa. Falo do que sei e sonho com o que desconheço. Respondo de maneira a que só quem ama entende, e vivo como sempre vivi.
Criticam-me e põe-me defeitos que eu acho não corresponder, mas o que é certo é que ( há algum tempo) escrevi dezenas de cartas ao pai natal a pedir-lhe apenas amor para os que não o têm e nunca ninguém imaginou que eu fosse capaz de o fazer.
Acredito que poucos ou nenhuns me conhecem, nem mesmo os que o deviam por obrigação, mas sempre fui assim, diferente para alguns, vulgarmente igual para outros. Para mim, sempre fui normal, nunca quis ser mais do que aquilo que é o limite .
O sorriso por vezes foge, porque o querem levar para longe. Sempre me disseram que as coisas que não têm pernas, não fogem sozinhas, alguém as deixa perdidas, ou alguém as rouba. E quando me refiro ao meu sorriso, é assim mesmo. Por vezes perco-o por pura distracção e estupidez, noutras situações roubam-mo por maldade e nem reparam.
Mas mesmo assim, vivo sem pressas, vivo sem segundas intenções. Vivo num castelo de filosofias raras e lógicas diferentes, habito um mundo melhor do que o vosso, sendo ele de areia ou não. Faço da melodia do mar a música mais bonita de todas, e bastam palavras pequenas metaforizadas com amor. Basta-me a paz, a compreensão e os sorrisos. Basta-me a calma de quem vive com vontade e basta-me os sonhos. Sou feliz, como uma criança feliz que não diz que é feliz,porque nem pensa nisso, mas no entanto o seu olhar é baço de alegria, e por isso, e por todas as contradições que fazem parte do mundo e da lógica dos pequeninos, acreditamos que seja mesmo feliz.
É uma bolha de sabão onde tudo é bonito e onde só entra quem tiver corpo de criança, mas coração de gente grande.

Um comentário:

Anônimo disse...

ó Félpz of my heart :'
está tão giro , MESMO (:
( eu li Tudo minha santa zx )

AMO - TE buéj my beautiful bitch 8D
<3 always